terça-feira, 5 de junho de 2012

O nosso tempo

Quem é que não se lembra da FEITICEIRA?

Aquele seu narizinho poderoso! Quem de nós pode dizer que nunca desejou ter aquele narizinho?

Pois é, aquilo era o máximo que poderíamos desejar naquela época, o resto era só sonho distante...

Naquela época, a televisão de no máximo 20" era o centro da sala de estar, ou melhor, era sala de visitas. Era a única TV da casa e dependíamos da família inteira querer assistir o mesmo programa, mas na verdade não se tinha muitas opções mesmo e a família inteira assistia junta as aventuras da Samanta e seu querido, atrapalhado e ingênuo marido James.

A época que hoje chamamos vintage, era a época do fusquinha, da frigidaire, das calças de elanca, cigarro sem filtro, rock in roll, cuba-libre, hi-fi.

Tempo de namoro no portão, beijo roubado, hora-dançante, long-play, vestido rodado, Elvis Presley, matinê aos domingos.

Tudo que era cor-de -rosa era de meninas e azul de meninos.

Comprimento do vestido, três dedos acima do joelho e não tinha choro. Lembro que no primeiro dia de aula, no colégio São Paulo, as freiras mediam o comprimento da saia do uniforme, se não fosse três dedos não entrava.

Todos serviam de inspiração para nós meninas sonhadoras que vivíamos a espera do príncipe encantado!

"ANOS DOURADOS!" Dourados para os nossos pais, para nós era tudo não pode, de dourado e brilho só nos acessórios em dia de festa.



Os nossos pais sonhavam com o príncipe de boa família que um dia iria se interessar por nós, e torciam para que nos interessássemos também por ele. Erraram muitas vezes se deixando levar pelo nome de família, pela situação dos pais na sociedade. Mas eles e principalmente nossas mães, só queriam que fizéssemos um bom casamento que nos desse estabilidade e conforto, antes que "ficássemos pra titia", isto seria uma lástima, um problema.

E nós saíamos do curso "Normal" já prontas para casar, com uns 17 ou 18 anos... Hoje quando lembro da minha filha com 18 anos fico pensando, nós éramos crianças ainda e muitas de nós começou a vida a dois nesta idade e tiveram filhos logo depois do casamento! Meu Deus! O que sabíamos da vida? O que sabíamos do que era criar filhos, administrar uma casa?

Muitas de nós fugiram à regra e fizeram faculdade antes de casar, foram poucas, outras o fizeram depois de casadas e com filhos chorando em volta de sua mesa de estudos, estas eu considero heroínas,  vitoriosas.
Mas nós demos conta, vencemos, criamos nossos filhos, cuidamos de nossas casas, de nossos maridos, é por que os maridos tinham que ser "cuidados". Muitas de nós se esqueceu de cuidar de si mesma e só se lembraram deste detalhe mais tarde, quando muitas vezes já era tarde mesmo. Muitas se desquitaram e foram a vergonha da família, mas se viraram e se libertaram e se fizeram felizes.

A mulher é assim, ela não quebra, ela torce, retorce, enverga mas logo se endireita e segue em frente. E foram essas mulheres que fizeram a mudança das gerações e transformaram as regras e mudaram a história das mulheres de hoje.

É graças a estas mulheres "vintage" que as mulheres hoje estudam, trabalham, são independentes, conhecem primeiro o mundo para depois conhecer o companheiro e decidir ela mesma se aquele cara é bom ou não para ficar ao seu lado, morar junto, dividir despesas, dividir a vida.

Muito bem Garotas Vintage, vocês mudaram o curso da história!






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