sexta-feira, 21 de março de 2014

O grande teatro da vida

                       




                             
A vida acontece todos os dias, todas as horas, todo o tempo...
Mas a gente esta sempre esperando a hora certa, o momento exato, a hora do "flash"...

Não funciona assim, a meu ver a vida é para ser vivida independente de momento e oportunidade, viver apenas da melhor forma possível.

As vezes fico conjecturando com meus "botões"  e acredito mesmo que viver é estar constantemente num palco, onde as cenas se reproduzem sem pedir licença ou por favor e a gente vai  desenvolvendo ali nossas habilidades de bailar conforme a música, interpretando o texto do momento, agindo com a leveza que o vento nos impõe, deixando que nossas vestes se levantem e balancem e deixando muitas vezes à mostra partes do corpo ou da alma que gostaríamos de esconder.
Não tem ensaio e nem podemos refazer a cena. É ali, ao vivo e a cores.
Na verdade o importante é fazermos a melhor interpretação que pudermos de nós mesmos...

Vamos interpretando diálogos ou monólogos, mostrando ou escondendo verdades e mentiras, ali atuando sem intervalos, sem pausa para o "lanchinho".
Como disse uma amiga: "-Eu sei que a vida é uma escola mas, não tem a hora da merenda, não?"

Tem sim, são os momentos de alegria e de festa, quando na platéia ou dividindo o palco conosco estão os nossos maiores amores, os melhores companheiros, os maiores parceiros de cena.

E durante todo o espetáculo que é a vida, os cenários vão mudando, nós vamos amadurecendo, nos sentindo mais à vontade naquele palco...
Nos colocamos mais inteiros, menos tímidos, mais conscientes de nosso papel naquela história...
Os companheiros de palco vão mudando também, uns saem antes do final, outros chegam no meio do espetáculo e uns aparecem só nos mementos de glória ou do grande drama e outros só entram em cena na hora da comédia...

E aí eu fico pensando qual tipo de história eu quero representar?
Qual impressão quero deixar nas mentes e nos corações de quem esta na platéia.

No final do espetáculo, quando caírem as cortinas... Eu quero não só ouvir os aplausos, quero sim ser aplaudida de pé mas, quero mais que tudo, que pelo menos uma pessoa saia daquele grande teatro que foi a minha vida, dizendo que admirou o meu trabalho, que  aprendeu muitas coisas e que nunca vai me esquecer.

Um grande e afetuoso abraço
Vania



terça-feira, 18 de março de 2014

Casa nova, vida nova

Quando você lê um texto e este texto mexe muito com você e te faz pensar e repensar...
Quando este texto parece que foi escrito para você, é porque tá na hora de observar, analisar e mudar.
Foi isto que aconteceu conosco em relação a este texto da Marina Colasanti.
Nos encorajou e nos impulsionou e ai tudo mudou...


Eu sei, mas não devia
Marina Colasanti
"Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

(...)A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.(1972)"





E então um dia a gente resolve mudar...
Mudar de cidade, mudar do apartamento para a casa, mudar do calor para o frio, do barulho para o silêncio, do trânsito para o sossego...

HUUUMMMMMM!!! Que delícia!
Nas primeiras noites estranhamos o som do silêncio, acordamos com o som da natureza e o friozinho das regiões mais altas...
Quer saber? É MUITO BOM!

Nos mudamos para um condomínio de casas numa cidadezinha muito próxima de BH, mas parece que estamos a muitos quilômetros de distância, tal a diferença que sentimos, para melhor é claro. Ainda estamos em estágio de adaptação, sair de um apartamento para uma casa com quintal, jardim e frente para cuidar, muda um pouco o ritmo, o esquema...

Eu havia me esquecido o que é uma mudança, que loucura! Acho que vou levar meses para por tudo no lugar mas, quem é que esta com pressa?

Este era um antigo sonho nosso. Há alguns anos compramos um terreno neste mesmo condomínio com o objetivo de construirmos nossa casinha, agora vamos começar a construção e resolvemos alugar esta casa para fazermos um "teste drive" e acompanhar a obra, ou seja em breve teremos mais uma mudança, rss...
Mas estamos felizes e tudo faz parte dos planos.
Por enquanto tudo é uma experiência, mas queremos que tudo dê certo, que tenhamos mais paz, uma vida mais saudável e tranquila.
Caminhar de manhã por ruas tranquilas, respirar um ar mais puro, receber os amigos com alegria, juntar a família para um churrasco...
E tudo de novo que chegar será bem vindo, ou no mínimo um novo aprendizado.



Um grande e afetuoso abraço
Vânia