sábado, 28 de julho de 2012

Um cadinho mió



"Já rodei muito na vida, Quase o Brasil inteiro Estradas do norte e do sul Sem ter nenhum paradeiro. Mas vou contar uma coisa E nisso sou bem verdadeiro Se o mineiro sai de Minas Minas nunca sai do mineiro 

E não pode sair mesmo Digo de um jeito maneiro Depois de conhecer o Brasil Eu posso dizer bem faceiro Que quem conhece Minas, Conhece o Brasil inteiro 

E orgulhar-se de ser de Minas É orgulhar-se de ser brasileiro. 
Veja o Norte de Minas Igual a cearense Icó Tanta seca e pobreza Que faz qualquer um sentir dó Aquele calor e secura Lembra o sertão Seridó Ali é praticamente o Nordeste. Só que “um cadinho mió”
 
Sim, Minas também tem nordeste Jequitinhonha, dizia minha avó. Gente aguerrida e guerreira Que sempre aguenta o jiló Mas que sabe descansar sossegado Pescar, esperar o anzol. Parece o povo baiano Só que um “cadinho mió”. 

Mas é no vale do Mucuri Que a terra parece de um faraó Lá tem gente honrada e honesta Que não vai para o xilindró Lá o pessoal aproveita de tudo Dá valor até ao mocotó Parece muito a Paraíba Só que é um “cadinho mió” 

E o povo do nosso Rio Doce Povo moreno queimado do sol Mas que trabalha na terra Quieto poupando o gogó Naquelas terras bonitas Canta alegre o curió É um pedaço do Espírito Santo Só que um “cadinho mió”. 

E na zona da Mata Antes, lá era o cafundó. Hoje tem gente que pensa Que lá só é festa: samba, baião, carimbó Mas lá se trabalha bastante Não pense que é só futebol Lá é igual o Rio de Janeiro Só que um “cadinho mió”.
 
E o nosso sul de Minas Perseverante como o profeta Jó Gente que não teme o trabalho Num labor de sol a sol Terra de gente importante Vestida de gravata e paletó Parece o povo paulista Só que um “cadinho mió”. 

E o povo cafeeiro Com os pés sujos de pó Não têm medo de nada Neles ninguém dá o nó Café com leite no Brasil É o nosso grande xodó Parece o sul de Brasil Só que um “cadinho mió” 

O povo do Triângulo Que usando um braço só Derruba um boi pelo chifre Faz dele um simples totó È um povo esperto e matreiro Que não perde tempo fazendo filó Igual o povo do Mato Grosso Só que um “cadinho mió”. 

E nas nossas Cidades Históricas Tudo no estilo rococó lugar de gente ilustre Tiradentes, Juscelino, Zé Arigó Terra de revolução e de luta Inconfidência, revolta, quiproquó Poderia ser a capital do país Só que um “cadinho mió” 

E no Alto Paranaíba Café, pães de queijo e de ló De frutas gostosas, o abricó Lugar de aves campeiras A ema, o pavão, o carijó Lugar de festas famosas Rezas, danças, forró Parece muito Goiás É só um “cadinho mió”. 

Se em Minas está o Brasil Em Belo Horizonte o Brasil é um só Mineiro de todos os lados Juntos, amarrados com grande nó Aos pés da serra do curral Pertinho da serra do cipó Não deve nada pra nenhuma capital Só que a nossa é MUITO E MUITO MIÓ."

 Padre Élcio José de Toledo
( Colaboração de Isabella Marchese de Meneses)

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Jeito mineiro de ser



Trago comigo uma lembrança muito doce da minha mãe.

Lembro-me de que às vezes, eu chegava da escola e via numa mesa da área, ao lado da cozinha, várias travessas de arroz doce. Cada uma de um tamanho diferente, grandes, médias e pequenas.

Todas caprichosamente cheias daquele aromático doce. A mistura do cravo e da canela enchendo a casa de sabor e alegria. 

Eu não perguntava nada, só me lembro de dizer, huuuummmm! Hoje tem arroz doce.

Mas percebia que só aparecia na nossa mesa, uma só daquelas travessas, as outras nem se ouvia dizer.
E sempre foi assim, e sempre as mesmas travessas... Quando me casei, fui morar fora e não tive mais notícias do arroz doce.

Quando voltei para BH, já com filhos, cheguei um dia na casa de minha mãe e lá estavam as travessas do doce, com uma a mais, diferente, uma travessa nova, mas muito delicada. 

Aí então eu resolvi saber a história das travessas de arroz doce, e perguntei para a minha mãe porque ela sempre distribuía o doce em varias travessas e porque agora tinha uma a mais?

Minha mãe então esclareceu:

- Sempre que faço este doce, divido com as pessoas que gostam, cada vasilha tem um dono e o tamanho é de acordo com a quantidade de pessoas que vão comê-lo.

-E hoje tem uma travessa a mais, que é a sua, porque agora você tem a sua família e também vai levar a sua parte.

Fiquei emocionada com aquele gesto tão tradicional e tão generoso de minha mãe, que eu só fui perceber depois de tanto tempo de convivência.
E o arroz doce da dona Nenete era realmente delicioso e especial, talvez porque o ingrediente mais importante fosse o amor! 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Para rir um pouquinho...

Somos do tempo em que muito riso era sinal de pouco siso.

Mas agora já sabemos que rir é sempre o melhor remédio...











segunda-feira, 23 de julho de 2012

E tudo mudou


E tudo mudou...

O rouge virou blush O pó-de-arroz virou pó-compacto O brilho virou gloss   
O rímel virou máscara incolor A Lycra virou stretch Anabela virou plataforma O corpete virou porta-seios Que virou sutiã Que virou lib Que virou silicone 
A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento A escova virou chapinha "Problemas de moça" viraram TPM Confete virou MM 
A crise de nervos virou estresse A chita virou viscose. A purpurina virou gliter A brilhantina virou mousse 
Os halteres viraram bomba A ergométrica virou spinning A tanga virou fio dental E o fio dental virou anti-séptico bucal 
Ninguém mais vê... 
Ping-Pong virou Babaloo O a-la-carte virou self-service 
A tristeza, depressão O espaguete virou Miojo pronto A paquera virou pegação A gafieira virou dança de salão 
O que era praça virou shopping A areia virou ringue A caneta virou teclado O long play virou CD 
A fita de vídeo é DVD O CD já é MP3 É um filho onde éramos seis O álbum de fotos agora é mostrado por email 
O namoro agora é virtual A cantada virou torpedo E do "não" não se tem medo   
O break virou street 
O samba, pagode O carnaval de rua virou Sapucaí O folclore brasileiro, halloween O piano agora é teclado, também 
O forró de sanfona ficou eletrônico Fortificante não é mais Biotônico Bicicleta virou Bis Polícia e ladrão virou counter strike 
Folhetins são novelas de TV Fauna e flora a desaparecer Lobato virou Paulo Coelho Caetano virou um chato 
Chico sumiu da FM e TV Baby se converteu RPM desapareceu Elis ressuscitou em Maria Rita? Gal virou fênix Raul e Renato, Cássia e Cazuza, Lennon e Elvis, Todos anjos Agora só tocam lira... 
A AIDS virou gripe A bala antes encontrada agora é perdida A violência está coisa maldita! 
A maconha é calmante O professor é agora o facilitador As lições já não importam mais A guerra superou a paz E a sociedade ficou incapaz... 
... De tudo. 
Inclusive de notar essas diferençasLuis Fernando Veríssimo