quinta-feira, 26 de julho de 2012

Jeito mineiro de ser



Trago comigo uma lembrança muito doce da minha mãe.

Lembro-me de que às vezes, eu chegava da escola e via numa mesa da área, ao lado da cozinha, várias travessas de arroz doce. Cada uma de um tamanho diferente, grandes, médias e pequenas.

Todas caprichosamente cheias daquele aromático doce. A mistura do cravo e da canela enchendo a casa de sabor e alegria. 

Eu não perguntava nada, só me lembro de dizer, huuuummmm! Hoje tem arroz doce.

Mas percebia que só aparecia na nossa mesa, uma só daquelas travessas, as outras nem se ouvia dizer.
E sempre foi assim, e sempre as mesmas travessas... Quando me casei, fui morar fora e não tive mais notícias do arroz doce.

Quando voltei para BH, já com filhos, cheguei um dia na casa de minha mãe e lá estavam as travessas do doce, com uma a mais, diferente, uma travessa nova, mas muito delicada. 

Aí então eu resolvi saber a história das travessas de arroz doce, e perguntei para a minha mãe porque ela sempre distribuía o doce em varias travessas e porque agora tinha uma a mais?

Minha mãe então esclareceu:

- Sempre que faço este doce, divido com as pessoas que gostam, cada vasilha tem um dono e o tamanho é de acordo com a quantidade de pessoas que vão comê-lo.

-E hoje tem uma travessa a mais, que é a sua, porque agora você tem a sua família e também vai levar a sua parte.

Fiquei emocionada com aquele gesto tão tradicional e tão generoso de minha mãe, que eu só fui perceber depois de tanto tempo de convivência.
E o arroz doce da dona Nenete era realmente delicioso e especial, talvez porque o ingrediente mais importante fosse o amor! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário