sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Lembranças da infâcia


Histórias da vovó

Quando crianças, meu irmão e eu ficávamos muito na casa de nossa avó paterna.
Ela era cega mas costurava muito. Fazia roupas para as crianças de um orfanato.
Todas as vezes que íamos para lá, ela nos pedia para fazermos seu estoque de agulhas e linhas, enfiávamos linhas compridas em milhões de agulhas, que ela colocava caprichosamente alinhadas em uma almofadinha que ficava dependurada na parede, e enquanto fazíamos nosso "trabalho"  ela nos contava histórias, o que adorávamos... Eu particularmente adorava as que falavam das princesas e terminavam com: "E foram felizes para sempre!"

                   

Foi através da minha avó que conheci João e Maria, Os Três Porquinhos, Branca de Neve e os sete anões, Cinderela, A Bela Adormecida, Rapunzel, O sapo e a Princesa, Pinóquio e todas as outras...

São lembranças coladas pra sempre no meu coração e nas minhas lembranças. as longas linhas enfiadas em agulhas espetadas na almofadinha e a voz da minha vó cheia de ternura e fantasia contando belas histórias.

Agora que sou avó, comecei a me lembrar destes momentos e a me preparar para também contar histórias mas, estou bem assustada pois me mandaram um e-mail dizendo que houve uma mudança na personalidade e na vida das princesas e que agora as histórias tem outro final.

Vou mostrar para vocês as novas versões e vão me dizer o que acham:

Os dois menores e MELHORES contos de fadas do mundo !


1.-) Conto de fadas para mulheres do séc. 21

Era uma vez uma linda moça que perguntou a um lindo rapaz:- Você quer casar comigo?Ele respondeu: NÃO!E a moça viveu feliz para sempre, foi viajar, fez compras, conheceu muitos outros rapazes, visitoumuitos lugares, foi morar na praia, comprou outro carro, mobiliou sua casa, sempre estava sorrindo e debom humor, nunca lhe faltava nada, bebia cerveja com as amigas sempre que estava com vontade e ninguémmandava nela.
O rapaz ficou barrigudo, careca, o pinto caiu, a bunda murchou, ficou sozinho e pobre, pois não se constrói nada sem uma MULHER.
FIM!
(Luís Fernando Veríssimo)

                       

2.-) Conto de fadas para mulheres do séc. 21

Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã.

Então, a rã pulou para o seu colo e disse: 
-Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas uma bruxa má lançou-me um encanto eeu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novonum belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãepoderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas,criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre...

E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: 
-Nem Fu#*&"*!

FIM!

                           
E então amigos o que acham? 

Um grande abraço
Vania



4 comentários:

  1. Vania,

    Você toca em um assunto que adoro...
    Você relembra sua infância, o que também curto pra caramba!
    E no final ainda pergunta: O que achamos disso?
    Olha, no meu tempo de criança, quem contava estórias para minha avó cega, acredite amiga, era eu.
    Ela era cega e faleceu aos 96 anos de idade. Tratada erroneamente pelo médico, perdeu a visão no início da década de 60.
    Passava o tempo todo sentada em sua casa ou numa poltrona.
    Eu tinhas 07 anos de idade, na época, era uma criança precoce que cresceu somente no meio de adultos.
    Fora isso tinha uma imaginação fértil, daquelas que brotavam ideias facilmente.
    E aí, eu ficava ao lado de minha velha avó cega, contando estorinhsa que inventava na hora...
    A formiguinha isso, o patinho aquilo. Emendava tudo e sempre dava um final feliz a todos!
    Ela ficava ali, quieta, ouvindo minhas estorinhas tresloucadas...
    Nunca dizia nada (sempre foi uma mulher brava e autoritária), mas, de vez em quando sorria entre uma estorinha e outra que contava a ela.
    Princesas...
    Posso ser sincera?
    Eu nunca gostei das princesas dos Contos de Fada...hehehe
    Lá no fundo as vilãs é que atraíam a minha atenção.
    Amava a Madrasta da Branca de Neve, curtia a Maga Patalógika, Madame Min, os Irmãos Metralhas entre outros seres renegados pela sociedade.
    Sei lá, as vilãs tinham um encanto que as princesas não tinham, mas como assumir essa preferência num mundo onde eram consideradas más?
    Eu falo, ninguém acredita, mas eu era uma criança às avessas, viu?
    KKKK

    Ótimo finde!

    Bjksss

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  2. Querida, bom dia! Nessa postagem fiquei muito tocada pelo teu relato sobre tua amada e doce avó. Meu avô paterno também ficou cego. Lembro muito dele e do quanto ficava impressionada por ele não ver nada. Mas, veja só: tua avó enxergava muito com o coração...meu avô, também. Beijos da Marildinha

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